Quando, há mais de dois anos, dei início à edição do (Re)Flexões, interrogava-me:
Mais à frente acrescentava:
A cinco dias das eleições, que vão mudar a face visível da política portuguesa, volta a ser tempo de nos interrogarmos sobre o futuro.
Mas também há quem não tenha gasto todas as suas fichas contra o PS e não se satisfaça com um qualquer governo que replique e amplifique as políticas neoliberais ditadas por Bruxelas, pela OCDE e pelo FMI.
Por isso me parece que continua actual a necessidade de reflectir sobre a escola que queremos e o bem público que é a educação para todos.
O contributo que o (Re)Flexões deu para o combate às políticas de Pinto de Sousa e de Maria de Lurdes Rodrigues foi bem modesto. Nada que se possa comparar a blogues considerados de referência no campo da contestação docente.
Também no espólio do blogue existem referências à actividade dos movimentos de professores. Num primeiro tempo em colaboração activa, depois do 8 de Março em distanciamento cada vez maior.
Nada disso aconteceu por acaso. É que a reflexão no seio dos blogues de referência e dos movimentos de professores se foi concentrando, de forma progressiva, nas questões do estatuto profissional, negligenciando o peso das propostas de direita que põem em causa o bem público educativo.
Desde logo acredito que o estatuto sócio-profissional dos professores será alterado. Não tenho é a certeza de que a escola pública para tod@s venha a sair vencedora da decisão que vai ser tomada.
Por isso, ao contrário de outros que prevêem um abrandamento na sua actividade, o (Re)Flexões deverá manter um registo próximo do que tem tido. Sem compromisso de uma edição regular, com maiores ou menores intermitências, procurarei continuar a reflectir sobre «O discurso tantas vezes usado de “menos Estado, melhor Estado”, normalmente associado às correntes liberalizadoras da sociedade, [e que] é utilizado indiscriminadamente por “neo-liberais”, “neo-conservadores” e “socialistas da 3ª via”.»
Viva Francisco.
Claro que não em http://correntes.blogs.sapo.pt/410491.html
Isso vai?
Abraço.
Viva.
Há razões para ter confiança, mas não para diminuir a vigilância. Que os docentes não esqueçam e saibam mobilizar-se, mobilizar os seus familiares, amigos e conhecidos.
E que, para além disso, na hora do voto não esqueçam a história, de modo a não repetir o apoio em quem, conjuntamente com o PS, já demonstrou por mais de uma vez fazer parte do problema e não da solução.
Por outro lado, no plano da avaliação urge reforçar a ideia de que o elemento central desta não deve ser a penalização, porque então isso não será avaliação, mas sim castigo.
A três dias do acto eleitoral, o que a campanha demonstrou é que os dois partidos que há 33 anos governam o País nada têm de novo para oferecer aos portugueses.
Os professores que votam, enquanto professores e enquanto cidadãos, e querem contribuir para uma ruptura com a política de direita, devem avaliar o seu sentido de voto, não em função de contas de mercearia do mal menor ou da ilusão do voto útil (falsa alternativa), mas em função da confiança e credibilidade que merecem os que sempre estiveram ao seu lado em todas as lutas e dão garantias de defender uma mudança a sério. Os professores com uma consciência política de esquerda e que nas últimas eleições votaram PS e agora se preparam para um voto de protesto no BE, poderão sentir-se de algum modo aliviados, mas o seu voto não vai trazer uma verdadeira mudança. Não é por acaso que os órgãos de comunicação social colocaram o seu espaço e as suas simpatias ao serviço do BE e hostilizam a campanha da CDU.
Na ora de optar, devemos pensar nisto.
Tomo a liberdade de chamar a atenção para as palavras deste antigo deputado do PS, ditas a 23 e não a 24 como se indica.
Recebi por mail o texto que segue. Como sempre, uma opinião clara e fundamentada, a do Mário Nogueira:
DEZ RAZÕES POR QUE VOTO NA CDU
Mário Nogueira, Professor, Dirigente Sindical.
A memória não é curta e, assim sendo, não se esgota nos quatro anos e meio de governo de maioria absoluta do PS. Recuando um pouco mais, lembramo-nos do Governo de Durão Barroso, do Ministro David Justino, das grandes trapalhadas criadas com a colocação de professores e da Lei de Bases da Educação com que se pretendia revogar a Lei de Bases do Sistema Educativo. Além disso, indo um pouco mais atrás, lá encontramos a ex-Ministra Manuela Ferreira Leite que, como se dizia, transformou o seu Ministério numa secretaria de estado das finanças;
Daí que, afirmar, como por vezes se ouve, que é importante não votar PS, sendo indiferente votar à direita ou à esquerda, é, para mim, incorrecto. A direita já teve responsabilidades de governação e até foi devido à sua política que os portugueses, por diversas vezes, tentaram dar uma oportunidade ao PS que, no entanto, este sempre desperdiçou;
A CDU, como outros, tem propostas com as quais concordamos e que, a serem aprovadas, permitirão dar resposta a muitos dos problemas que se abatem sobre a Educação… mas a CDU tem mais do que propostas, tem trabalho feito que, por si, é garantia para o futuro. Ou seja, a CDU não promete que fará, a CDU compromete-se a continuar o que tem feito porque nunca se limitou ao discurso, desenvolveu uma prática que é reconhecida;
Foi o único partido a apresentar propostas de lei sobre direcção e gestão democráticas das escolas, sobre Educação Especial, sobre gratuitidade dos manuais escolares, entre outras. Tem pronta uma proposta de lei sobre financiamento do Ensino Superior que entrará para agendamento logo que se iniciem os trabalhos parlamentares, mas fez mais…
…Foi o único partido, à esquerda, que apresentou propostas de alteração ao Estatuto da Carreira Docente quando este baixou ao plenário da Assembleia da República. Foi quem primeiro propôs a suspensão do regime de avaliação de professores e quem teve a iniciativa de recolher os apoios indispensáveis para o levar ao Tribunal Constitucional…
…Mas também apresentou propostas concretas para melhorar os apoios no âmbito da acção social escolar, para alterar o estatuto do aluno, para alargar a escolaridade obrigatória para 12 anos muito antes dessa alteração ter sido aprovada, para aplicar a Educação Sexual nas Escolas, para eliminar a prova de ingresso na profissão docente, para criar condições de estabilidade a milhares de professores que, contratados pelas escolas ou, no âmbito das AEC, por outras entidades vivem diariamente a precariedade, o baixo salário e o espectro do desemprego, entre muitas outras…
A CDU convergiu com outras forças quando isso se tornava importante para tentar aprovar propostas positivas, como conseguiu gerar consensos em torno das suas propostas. Infelizmente, a maioria absoluta do PS, sempre subserviente a Sócrates, inviabilizou todas e quaisquer propostas apresentadas por outros partidos;
Os principais problemas da Educação hoje mantêm-se e nem as manobras feitas com vista a influenciar as estatísticas – pelas vias administrativa ou do facilitismo – conseguiram disfarçá-los. A OCDE, há poucos dias, veio levantar o tapete e lá estavam os problemas todos: analfabetismo, insucesso, abandono, falta de investimento;
A garantia do voto na CDU reside no facto de os partidos desta Coligação terem provas dadas e todos/as sabemos que a CDU é uma força que fala, mas também faz… e quando faz, faz o que fala… e isso, nos tempos que correm, é muito importante por ser raro;
Votar na CDU é votar em quem, em cada distrito, representa bem as respectivas populações e, simultaneamente, dá mais força a quem desenvolveu e continuará a desenvolver, com determinação e correcção, uma forte acção em defesa dos/as portugueses/as, não só na área da Educação – pugnando por uma Escola Pública, Democrática, Inclusiva, Gratuita e Para Todos –, mas, igualmente, do Emprego, da Saúde, da Segurança Social, do Ambiente, dos direitos de cidadania, entre muitas, muitas outras…
São estas as razões por que voto CDU e apelo ao voto na CDU. Tenho a certeza, e isso é muito importante, que será um voto de que não nos arrependeremos.
Se é que ainda há indecisos, alguns critérios a rer em conta:
http://professores-unidos.blogspot.com/2009/09/o-voto-dos-professores-no-dia-27.html