Já começou há muitos meses atrás, mas à medida que se aproxima a data das eleições para a Assembleia da República os apelos aumentam de tom (usando técnicas e recursos pretensamente mais eficazes e apelativos).
Começou com uma ideia, que depois se espalhou por listas de distribuição de correio electrónico, passou para autocolantes, faixas, t-shirts e outros objectos. Para os professores seria indiferente votar à direita ou à esquerda, desde que não votassem no PS. E o lema ganhou forma – Vota à direita ou à esquerda, não votes no PS.
Nesta altura já vamos em alegados estudos (mais ou menos científicos) que nos indicam, círculo eleitoral a círculo eleitoral, qual o grau de utilidade do nosso voto.
Acontece que o pressuposto que está a ser usado para qualificar de útil ou inútil (com maior ou menor grau de utilidade) o voto de cada professor corresponde ao grau zero da política e da intervenção cívica.
Afirmo-o sem qualquer hesitação.
Admitir que para os portugueses em geral (e para os professores portugueses em particular) é indiferente votarem em programas que defendam a existência de serviços públicos de grande qualidade, de carácter geral e universal, ou em programas que abram caminho à privatização dos sectores lucrativos desses serviços, criando como complemento uma espécie de serviços públicos mínimos para os pobres e desvalidos, seria voltar ao discurso rançoso de: “para os professores, a sua política é o trabalho”.
Julgo que muitos dos professores, justamente indignados com as actuais políticas, já têm idade suficiente para reconhecer a frase. E os restantes deviam conhecer melhor a história portuguesa do séc. XX, a fim de saberem de quem estou a falar.
Exactamente! O Poder é muito astucioso e tem mil e uma maneira de dar a volta a muitos dos indignados sem que até eles se apercebam disso. Chega de engolir sapos.
Pois é assim, a política!
Agora, há aí uns tipos curiosos que pretendem dar uma ajudinha ao Sócrates, com uma prenda mesmo a propósito… a famosa manifestação tripartida e tricéfala dos «movimentos»… uma autêntica anedota.
Infelizmente, é uma anedota de mau gosto porque vai ser um enorme fracasso!
Mas irá servir para os pró-PS (Partido Sócrates) dizerem ufanos:
– Vêm? eu não vos disse? Reparem como se esvaziou a contestação ao governo, do lado dos professores; umas poucas centenas de excitados a insultar o primeiro-ministro e a ministra da educação. A grande maioria dos professores não lhes ligou nenhuma!!!»
Pois é; vão mostrar que afinal, os contestatários são apenas «uns poucos», que a grande maioria dos professores não embarca nesse radicalismo.
Boa! Grande tiro… no pé!
ou quem é amigo do PS quem é, «apede mup promova mep» cada qual com a sua faixazinha, a gritar os seus estribilhos a ver quem «mobiliza mais dezenas»…
Ah, estes movimentos de massas, que maravilha!
Zé da Esquina
Obrigado Sr. Engenheiro! Obrigado por roubar o pão da boca dos nossos filhos!!! Deus tenha piedade da sua alma!
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