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Ao quarto dia de plenários nas escolas, o Paulo Guinote insiste na sua cruzada contra o que chama «a data fechada de 16 de Maio para a manifestação».
Ele lá saberá porque continua a bater na tecla de que a plataforma não quer ouvir e apenas quer impor a sua vontade aos professores, esquecendo que nos sindicatos de professores não se inscrevem motoristas, padeiros, cabeleireiras, militares, polícias, juízes ou outras classes profissionais, mas sim professores (esses mesmos que segundo o PG não são ouvidos).
No entanto, quem se der ao trabalho de ler a moção que está a ser discutida nas escolas, verificará que nas propostas de acção não se inscreve nem a palavra manifestação, nem a data 16 de Maio.
Na verdade as propostas inscritas na moção que está a ser votada são as seguintes:
• Prosseguir a sua luta, pelos meios e recursos mais ajustados em cada momento, por forma a deixar claro a todos, principalmente ao Governo e à maioria que o sustenta, que não irão ceder em nada que seja determinante para a afirmação da sua dignidade profissional;
• Mandatar os sindicatos para encontrarem uma data, no 3° período deste ano lectivo, que seja compatível com o crescendo de tarefas que sempre acompanham os finais de cada ano, para, publicamente e de forma massiva, demonstrarem mais uma vez que, ao invés de se sentirem derrotados, se afirmam mais unidos do que nunca e confiantes de que a razão que lhes assiste acabará por sair vitoriosa;
• Envolver-se nas acções de denúncia e de esclarecimento da opinião pública que, em cada momento, quer no plano local, quer no plano nacional, possam vir a ser realizadas, no sentido de afirmar a sua oposição a estas políticas;
• Utilizar todas as formas de intervenção, tanto no plano jurídico, como institucional, que possam contrariar e mesmo impedir a ofensiva em curso contra os profissionais docentes, designada mente através de mecanismos diversos impostos através do ECO;
• Afirmar com clareza que, partindo da unidade que mais uma vez irão demonstrar, saberão responder a tempo e de forma adequada a qualquer iniciativa governamental que aprofunde o já caótico quadro político educativo que lhes vem sendo imposto. .
Onde vi isto escrito:
“A manifestação de 16 de Maio:
permite recuperar para a luta muitos colegas que entregaram os OI’s contrariados e com medo;
não tem custos excessivamente elevados, pelo que não afasta da luta os colegas que têm mais dificuldades económicas;
terá impacto mediático, com possibilidade de recuperar a temática da escola pública nos órgãos de comunicação social, em véspera de eleições;
desde que bastante participada, fará danos irreparáveis para a campanha eleitoral do PS. ”
Talvez ainda seja tempo de mudar de estratégia …
É impressão minha ou cada post deste blog é dirigido a uma pessoa?
Companheiros/as, Temos de demonstrar, face aos burocratas sindicais de sempre (os que se sentem visados, pois que não estranhem, é mesmo para eles que dirijo estes termos!), que as medidas preconizadas pelos colegas da APEDE fazem todo o sentido e são exequíveis! A fenprof não é o seu presidente Nogueira e o spgl não é o seu presidente Avelãs. Ao concentrarem a decisão – em termos práticos – nas suas agustas cabeças, eles Avelãs e Nogueira, estão a tornar o movimento refém das estratégias POLÍTICAS das organizações respectivas (para o primeiro, a renovação comunista e o segundo, o pcp). As agendas dos professores são outras, completamente diferentes. A nós não nos interessa nada saber se esta luta tem como efeito enfraquecer ou aumentar o score eleitoral deste ou daquele partido. A nós interessa-nos saber que a resistência, quando temos razão, é uma sementeira de futuro, apenas ela nos coloca numa posição prática – e moral- de força, em face de um poder que pode ser igual ou diferente, mas que na prática, só irá ceder caso a correlação de forças penda para o nosso lado. Claramente, só vencemos se metermos medo aos políticos que estão no poleiro, num dado momento, de que a perturbação social poderá quebrar o seu poder, se eles não acederem às justíssimas reivindicações de uma profissão inteira e em peso. Assim, as instâncias sindicais representativas têm decididamente de organizar uma greve geral, com repecussões muito para além das aulas, capaz de perturbar a vida quotidiana, pois é mesmo para doer que se faz uma greve! É feita essa greve com imensa perturbação no quotidiano das pessoas que têm os filhos nas escolas, mas que são suficientemente espertas para perceber que o que está em causa é mesmo demasiado importante e ultrapassa largamente tudo aquilo que se assistiu em termos de ataque aos direitos, à carreira, às condições de exercício, sobretudo um ataque em forma à escola pública democrática. Sendo eu encarregado de educação, não compreendo que se faça uma greve sem efeitos práticos. Uma greve de um dia, só para «picar o ponto» não muda a correlação de forças. Uma greve de uma semana, mas em que cada pessoa individualmente irá fazer, quanto muito dois dias, perdendo assim uma quantidade menor de ordenado ao fim do mês, parece-me eficaz pois irá constituir uma séria perturbação do ano lectivo, uma séria perturbação da vida das pessoas e um sério aviso ao governo. Não fazer greve, apesar do que diz Nogueira («a melhor greve é aquela que não é preciso fazer…»), seria sempre, neste caso, a capitulação total, seria aceitarmos que somos e seremos e merecemos ser totalmente en… , sem nos importarmos. Notem que as pessoas, apesar de vivermos numa sociedade guiada pelo egoísmo, o individualismo extremo, não se espantarão que os professores dêem uma resposta à altura. Mas é de espantar que os docentes, conscientes do que se está a passar, não façam tudo para evitar uma catástrofe por bons e largos anos que se abate sobre eles e sobre a escola portuguesa (não se mexendo eles, uma pessoa até pode duvidar, «não será apenas retórica?») Sabemos como costumam os partidos «jogar ao centro» ou seja, impor a moderação (típico em períodos pré-eleitorais) de todas as lutas sociais, como se pode constatar pela análise da história social mais recente. Estes partidos, estão interessados em captar o voto do eleitor hesitante, que teve «fé» no ps, mas deixou de a ter, sem porém mudar essencialmente de ideário, mantendo-se num reformismo tímido. Para agradar a este tipo de eleitor, eles (os agentes dos partidos) têm a vontade -consciente ou inconsciente- de mostrar uma face mais moderada. Não irão apoiar abertamente greves e movimentos desestabilizadores, pois têm MEDO que os seus adversários acenem com o «papão» do caos social, promovido pelos partidos X, Y ou Z. Tanto os partidos à esquerda do PS (PCP e BE) como à direita (PSD e CDS) estão interessados num apaziguamento no período pré-eleitoral. Porém, o interesse dos docentes, injustiçados por estes quatro anos de recuos e de humilhação (a somar a outros males que vêm de tempos mais antigos) é exactamente o oposto: os docentes têm uma oportunidade de oiro de vergar os governantes, que querem ter -custe o que custar- a tal maioria. Então, terão que fazer greve e greve prolongada, greve com ocupação em todos os casos em que tal se afigure possível, não apenas manifs, pois as manifs são actos simbólicos, não mudam por si só a correlação de forças. Isto é um grande braço de ferro. Quem não está disposto a lutar e se coloca de lado, paciência!!! Há sempre um certo número que assim faz. Mas os que têm responsabilidades ACRESCIDAS POR SEREM DIRECÇÕES SINDICAIS têm de ter consciência de que não poderão fingir que não percebem isto que eu enunciei acima.Resta-lhes provar que eu não tenho qualquer razão, que eles não são instrumentalizados pelas agendas dos seus partidos respectivos, que fazem o combate exclusivamente em função dos interesses dos professores e de todos os trabalhadores e da escola pública.Se querem manter um mínimo de credibilidade junto das bases, deverão adoptar um calendário de acções de luta, desde já. Junto com tal calendário, deverão mencionar claramente o que pretendemos que o ME/governo revogue. Num crescendo de luta, devemos propor para 16 de Maio uma manifestação nacional, seguida de uma semana de greve de 25 a 29 de Maio. A partir daí, em plenários de zona, os professores decidirão democraticamente se devem fazer nova greve e se sim em que moldes. A greve por tempo indeterminado não deve estar fora do horizonte. Essa greve não será uma greve às avaliações, na medida em que cada grevista fará a greve quando entender, num dia ou em mais, efectivamente desorganizando todo o trabalho, incluindo o de avaliação. Mas o que se pretende com uma greve é fazer uma pressão, não é uma espécie de voto piedoso!Ou seja, está em jogo o nosso futuro, mas também o futuro do movimento sindical. Que cada qual adopte a posição mais sensata; existem situações em que a sensatez consiste em avançar. Acho que é este o caso. Solidariedade,Manuel Baptista
Filipe,
Fui eu que escrevi e está publicado uns posts mais abaixo.
Acontece que eu sou um professor, sócio de um dos sindicatos da Plataforma, que protesta contra o ECD desde 2006, depois de no final da década de 80 também ter lutado pela aprovação do anterior estatuto. Posso dar as minhas opiniões e apresentar as propostas que entender, como qualquer outro professor, sujeito à apreciação que delas seja feita.
Não sou o autor da moção, e muito menos os textos que escrevo no blogue são doutrina, seja para qualquer sindicato, seja para qualquer professor independente.
Fiz-me entender, ou é necessário fazer algum esquema?
Manuel,
Compreendo a tua argumentação e reconheço a generosidade, a franqueza e a honestidade com que te bates pelos ideais em que acreditas.
Em alguns momentos sou até tentado a defender pontos de vista próximos dos teus.
No entanto, tal como escrevi noutro comentário, movimentamo-nos em escolas concretas, povoadas por professores concretos, dirigidas por PCE’s/Directores concretos.
O campo em nos nos movemos é, como bem diz o Miguel Pinto no seu blogue, o da «escola situada».
E é nesse campo e para as pessoas que habitam esse espaço e nele trabalham que tens que fazer as tuas propostas.
De pouco adianta lutar cheio de razão, e procurar enfrentar um inimigo poderoso, se não tiveres exército nenhum.
Quando a correlação de forças é manifestamente desfavorável a guerra tem que ser prolongada e baixa intensidade. Só exércitos poderosos podem aspirar à obtenção de vitórias rápidas. E mesmo nesses casos, as experiências das últimas décadas têm sido de estrondosos falhanços, de quem imagina que ganha a guerra por falta de comparência do adversário, por mais pequeno que ele seja.
Espero que ainda não me classifiques na categoria dos burocratas empedernidos por defender este ponto de vista, mas ainda assim atrevo-me a perguntar-te se as tuas propostas foram aprovadas no plenário da tua escola (não pelos dirigentes, mas pela maioria dos professores que são essenciais para a consecução dos objectivos que enuncias).
Abraço
Realmente na Moção da Plataforma não está lá a palavra MANIFESTAÇÃO nem está a data de 16 de MAIO.
Está APENAS um mandato às direcções sindicais para encontrarem UMA DATA no 3º período para PUBLICAMENTE e de FORMA MASSIVA demonstrarem que estão unidos e contra as políticas ministeriais.
Tens razão, não está lá escrito MANIFESTAÇÃO e 16 de MAIO!
E nós somos todos estúpidos, uma verdadeira cambada de néscios!
P.S.- Ahhh eu também nunca ouvi falar numa MANIFESTAÇÃO a 16 de MAIO! Foi um sonho qualquer que o pessoal teve.
Manuel,
Pois… é isso! O teu texto é um excelente contributo, um grito de alerta no tempo certo! Vamos ver se colhe…
Abraço
P.S. Lamento profundamente que, num dia em que ainda decorrem consultas aos professores, já haja quem diga: “De pouco adianta lutar cheio de razão, e procurar enfrentar um inimigo poderoso, se não tiveres exército nenhum.” Veja-se: EXÉRCITO NENHUM e ainda acrescenta…
“Quando a correlação de forças é manifestamente desfavorável a guerra tem que ser prolongada e baixa intensidade. Só exércitos poderosos podem aspirar à obtenção de vitórias rápidas.”
Este discurso que faz a apologia da guerra longa, tão repetidamente batido pelos dirigentes sindicais de topo, e que desvaloriza a fantástica mobilização conseguida (nunca antes vista em Portugal por uma única classe profissional) é capaz de ser uma das razões que explicam uma menor participação dos professores nas reuniões!
Mas isto sou só eu a falar… o Francisco é que sabe o que é correcto e o que é verdade e o que os colegas estão dispostos a assumir ou não. E até já o sabe antecipadamente. Eu preferia que ele continuasse a ser coerente e a defender a sua posição a favor de uma simples manifestação e contra as greves. Não quero pensar que já começou a “evoluír” (ao dizer que na Moção da Plataforma, não se fala em nenhuma manifestação e que deixa tudo em aberto, etc. etc.) agora que se começam também a sentir os sinais de uma adesão dos professores à proposta dos movimentos de uma greve mais prolongada!
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Havia um exército de – dizemj – 100-120.000.
Quem o desbaratou?
As “tropas” estão lá… provavelmente dispostas ao combate.
Mas os “cantos de sereia” de alguns “líderes de pacotilha”, deslumbrados com as luzes da ribalta, em vez de mobilizar apontam o caminho do martírio sem sentido, o que torna a adesão absurda.
Vê a verdade e não o nevoeiro…
O Francisco Santos está a tornar-se num alvo de estimação das cassandras dos blogues. Talvez hoje conheça alguma pausa a barragem de fogo, porque passou a haver outro alvo, o Ramiro Marques que, no seu blogue, conserva alguma lucidez de análise e arrasa as propostas ridículas que os movimentos apresentaram nas reuniões e que conheceram o “justo repúdio dos professores”.
O que o Ramiro Marques escreveu no seu blogue sobre as propostas dos movimentos dos professores foi, apenas e tão-só, isto: «Os movimentos independentes de professores procuraram introduzir na consulta propostas mais originais e criativas mas, regra geral, essas propostas não foram aceites, ou porque não houve oportunidade para as discutir ou porque os professores tiverem receio de falta de adesão.» As «propostas ridículas» que Ramiro Marques menciona têm que ver com a realização de uma espécie de festa-concerto, ideia realmente peregrina que não foi sustentada por qualquer dos movimentos que conheço. Conclusão: a desonestidade intelectual de alguns anónimos que vêm bolsar para este blogue é, de facto, de bradar aos céus!
A luta contra a entrega de objectivos tb foi um “caminho do martírio sem sentido”?