Quando no ano passado participei num conjunto de iniciativas promovidas pelo que se convencionou chamar os “movimentos independentes de professores”, fi-lo na convicção de que havia uma necessidade absoluta de mobilizar vontades e consciências, no interior de cada escola, numa altura em que os sindicatos existentes na zona em que trabalho pouco mais faziam do que enviar uns panfletos, ou encher alguns placards sindicais com propaganda.
Desde o início defendi que a estratégia dos professores que estavam nas escolas, sindicalizados ou não, tinha que passar por promover o debate e a discussão, sem esquecer que o movimento sindical constitui a peça essencial no combate às políticas que destroem os serviços públicos e promovem a sua empresarialização e privatização.
Tal como referi na anterior entrada, o meu afastamento dos movimentos foi acontecendo na exacta medida em que o discurso anti-sindical que defendiam (e que sabiamente tem sido explorado pelo governo e pelos mídia) foi aumentando.
Se até determinada altura (constituição da plataforma sindical e manifestação do 8 de Março) fazia sentido lutar fora do enquadramento dos sindicatos existentes, a partir de Março ficou claro, para mim, que a luta dos professores tinha que realizar-se com os sindicatos.
Mas o facto é que, tal como muitos milhares de professores, não me revia (nem revejo) em grande parte da prática sindical que conheço. Devo dizer que me incomodou profundamente o facto de no meu agrupamento de escola, nenhum dos sindicalizados (independentemente do seu sindicato) se ter disponibilizado para promover o debate do Dia D. Foi a partir dessa altura que decidi que a luta passava não só por estar ao lado dos sindicatos, mas sobretudo tinha que passar por lutar dentro dos sindicatos, de forma a poder interferir nas práticas que considero erradas.
Bem sei que existe um hábito muito português, que é o de criticar sem meter as mãos na massa. De facto somos quase todos excelentes treinadores de bancada, mas na hora de “vergar a mola” já a coisa fica mais difícil.
É contra essa tendência de crítica sem soluções alternativas que acho imprescindível lutar. Por isso aceitei o repto de participar no próximo combate para mudar o SPGL e dessa forma ajudar a mudar as políticas educativas de cariz neoliberal que se vêm a agravar nas duas últimas décadas.
Mas esta vontade de participar na mudança não se exerce de forma acrítica. Dito de outro modo, a minha participação activa na disputa eleitoral no SPGL não poderia nunca fazer-se ao lado dos actuais corpos gerentes.
Não me seria possível esquecer o abandono a que a actual direcção votou os colegas que trabalham nas escolas. Não poderia fingir que a mobilização dos delegados sindicais, sob o comando da actual direcção, foi pouco menos que zero. Não seria aceitável fingir que não sei das dificuldades que a actual direcção tem colocado ao secretário geral da Fenprof, de quem só se aproxima por questões de taticismo e visibilidade eleitoral.
E uma vez que acho que o trabalho unificador, e de liderança segura e efectiva da luta dos professores, que o Mário Nogueria tem desenvolvido deve continuar, só poderia colocar-me ao lado dos que, na área do SPGL, sempre deram o seu apoio ao secretário geral da Fenprof, sem ambiguidades e sem esconder o jogo.
Isabel Pedrosa Pires said:
Boa Tarde
Pertenço à actual Direcção Central e como sabe a lista em que vai participar ganhou várias zonas e a Direcção Regional de Lisboa. Tem muitas responsabilidades na actuação do SPGL neste mandato, tem muitos Delegados Sindicais e Activistas. Não sei se o Informaram que abandonaram algumas Zonas como por ex: Amadora/Sintra, a Coordenadora desapareceu e trabalho também, teve que ser a Direcção Central a assumir esse trabalho já no final do mandato. Como este há mais exemplos.
Sobre a mobilização para manifestações é pena que nem os próprios Delegados Sindicais da Lista B apareçam todos, ex- candidatos, futuros candidatos e mobilizem os sócios com sentido do dever.
É que não o fazendo parece que estão a arranjar motivos para atacar a Direcção Central com os seus próprios erros.
Trabalhei lado a lado com muitos, agora camaradas seus, bons dirigentes e bons amigos, tenho pena que se tenham separado para agora andarem só a medirem o tamanho da sombra.
Boa Sorte.
Por aqui continuaremos companheiros e parceiros da blogosfera a discutir e a desmascarar a destruição do sistema Educativo.
Também estou de acordo que são os sindicatos que devem congregar as forças da reenvidicação, devemos criar teias em que todos se sintam representados.
fjsantos said:
Isabel,
Sem querer por em causa a bondade e a honorabilidade das pessoas que pertencem à actual direcção, o facto é que são essas pessoas as responsáveis pelo governo do sindicato nos últimos mandatos.
Também é um facto que quem está nas escolas passa anos sem ver um delegado ou um dirigente sindical, mesmo em momentos de maior pressão da luta política e sindical, como foi o caso deste ano de luta e de luto. E para quem não está “por dentro” das questões das listas concorrentes, o governo das zonas e das regiões, com as nuances que estatutariamente determinam a distribuição dos recursos, é algo demasiado obscuro e complicado.
É exactamente contra esses factos que me senti mobilizado a lutar.
Leio no vosso blogue que pretendem uma «maior ligação dos professores ao SPGL e do SPGL aos professores». Acho bem e acho imprescindível que assim seja, porque a continuar o nível de diminuição de associados que se verificou nos últimos dois mandatos, qualquer dia o SPGL corre o risco de ter mais dirigentes do que sócios.
Se a Isabel acha que essa contínua dessindicalização também é culpa da lista que perdeu, então dou a mão à palmatória. No entanto custa-me a compreender como se pode querer responsabilizar quem perdeu pelas coisas que não foram feitas, ou que foram feitas de forma insuficiente por aqueles que ganharam e dirigem os destinos do sindicato nos últimos mandatos.
Isabel Pedrosa Pires said:
A lista que perdeu (!!!), mas não perdeu em todo lado, foi Direcção também até ao último mandato.
Continua a haver muitas sindicalizações e também desindicalizações, mas isso deve-se ao momento político que estamos a atravessar, até ao próprio divisionismo provocado pelos Movimentos, o desencanto do Memorando feito pelo Mário Nogueira, etc.
Mas quem é dirigente sabe que a luta não é fácil e os “mimos ” são poucos.
Há gente que não presta em todo o lado, mas repito, fazer mal nos seus territórios para que o ônus caia na Direcção Central é jogo baixo.
Sabe uma coisa? Eu dou-me bem com toda a gente, preocupo-me mais com o trabalho sindical do que esses jogos de poder.
Já lhe disse que tenho, “tive” grandes amigos e camaradas na sua lista com quem trabalhei muito bem. Desapareceram….
ramiro marques said:
Fazes bem, FJSantos. A direcção do SPGL ficou muito atrás do SPRC e do SPN em termos de mobilização dos docentes.
fjsantos said:
Isabel,
Não vou deixar que o blogue que edito se transforme num blogue de discussão eleitoral para o SPGL.
Não é isso que me move.
Como já deve ter reparado limitei-me a descrever aqui as razões que me levaram a ressindicalizar-me, que por acaso nada tiveram que ver com a acção da direcção do SPGL e tiveram tudo a ver com a luta dos professores nas escolas e com a acção unificadora e liderante do Mário Nogueira, que a Isabel desdenha quando se refere ao Memorando como causa de desmobilização e o responsabiliza pela elaboração desse documento. E explicitei também as razões porque, após um afastamento de tantos anos, decidi aceitar um convite. Fi-lo por respeito às pessoas que têm a paciência de ler o que escrevo e aos meus amigos, que poderiam não entender porque aceitei participar neste combate.
Mas como disse antes, neste blogue não se fará campanha para as eleições no SPGL, porque eu não quero e sou eu que edito o blogue com privilégios exclusivos de autor/editor .
Dessa forma venho pedir-lhe que não prolongue esta pseudo polémica, completamente sem sentido, sob pena de ter que restringir o seu acesso aos comentários.
Cumprimentos
Isabel Pedrosa Pires said:
Também no meu blogue não tenho nem quero fazer o mesmo.
Isabel Pedrosa Pires said:
No meu Blogue não limito os comentários de ninguém.