Etiquetas

, ,

Por uma questão de honestidade e coerência aceitei integrar a lista de candidatos “Professores Unidos” que vai concorrer às eleições no SPGL, no próximo dia 19 de Maio.

Justifica-se, pois, que explique as razões que justificam o meu trajecto, desde a participação na génese de um dos movimentos ditos autónomos de professores, até à ressindicalização e à assumpção de uma candidatura aos corpos gerentes do SPGL.

Há pouco mais de um ano, na sequência da divulgação dos anteprojectos de legislação sobre avaliação docente, estatuto do aluno, ensino especial e gestão escolar, depois do descalabro que tinha sido a apatia da classe docente em relação à publicação do novo ECD, dei por mim à procura de outros professores que manifestassem preocupação em relação às políticas públicas que estavam a ser desenhadas pelo governo Pinto de Sousa.

Em 2005 tinha verificado que a mobilização sindical pouco tinha ultrapassado as fronteiras da Fenprof, sobretudo centradas nas iniciativas promovidas pelo SPRC. Na altura os professores, nas suas escolas, pouco ligaram às alterações introduzidas no ECD, achando que nada do que se estava a passar os afectava. Do mesmo modo pouca mobilização se conseguiu contra a forma atabalhoada como foram introduzidos os programas da escola a tempo inteiro, e as actividades de enriquecimento curricular.

Dei então por mim a discutir estes problemas com outros professores, em muitos casos não sindicalizados, mas para quem era importante encontrar um espaço de intervenção cidadã. E no vazio que então existia, sem intervenção dos delegados sindicais e com omissão quase total da direcção do SPGL, foi possível criar um espaço de intervenção que acabou por ajudar à mobilização de muitos professores para as grandes lutas de 2008.

Seria no entanto extremamente injusto ignorar o magnífico trabalho que foi desenvolvido pela direcção da Fenprof, e em paticular de Mário Nogueira, que soube promover e consolidar a unidade de todos os professores em torno da Plataforma Sindical (garantindo a particiapção activa de sindicalistas de todas as correntes políticas).

Por isso me fui afastando dos movimentos de professores, na exacta medida em que estes foram aumentando o tom da crítica anti-sindical, não entendendo que sem sindicatos não há a mínima possibilidade de derrubar as políticas neoliberais que destroem os serviços públicos.

Também por isso chegou um momento em que me convenci que a atitude correcta, para quem critica as direcções sindicais no activo, não é a demissão, mas sim a participação activa na luta.

Assim, quando há pouco mais de uma semana um colega em quem tenho absoluta confiança (por ser um professor que honra a profissão, que defende a ética profissional e que no quotidiano é um exemplo de defesa da qualidade da escola pública) me convidou para integrar a lista oposicionista que vai concorrer às eleições do SPGL, e que é constituída pelas pessoas que no SPGL se bateram pela eleição de Mário Nogueira como secretário-geral da Fenprof, não tive como negar a minha colaboração.