Quando ontem ouvia Philippe Meirieu recordar que a “crise da educação” corresponde de facto a uma perda de poder das teocracias, substituídas que foram pelo poder das democracias, estava longe de imaginar que hoje estaria a ler a notícia de que o “poder burocrático” de uma direcção regional de educação se imaginasse investido de um poder sagrado (teocrático), que lhe permitisse impor a realização de uma actividade, cuja existência apenas pode decorrer da decisão autónoma e democrática dos órgãos de gestão pedagógica de uma escola.
Ao impor a concretização de um desfile de carnaval a DREN comporta-se como uma entidade omnipotente, substituindo a hierarquia teocrática pela hierarquia burocrática, tal como Meirieu descreveu magistralmente na sua conferência.
O discurso político-educativo, sobretudo nas últimas décadas, tem apregoado e tentado passar a imagem da autonomia das escolas.
A escola tem algumas competências, desde logo elaborar um projecto educativo, um plano anual de actividades, um regulamento interno, um projecto curricular…
Quando o ME, a propósito da avaliação de desempenho, não sabia responder a algumas dúvidas, sobretudo relacionadas com a elaboração dos instrumentos de registo, remetia essa competência para a auntonomia das escolas.
No entanto, algo de assombroso se passa: o ME, através da DREN, impõe que se realize uma actividade que é da competência e da responsabilidade da escola, quer na sua concepção, quer na sua realização, quer na sua avaliação!
Bem, onde vamos para assim?!
Como sempre, iguais a si próprios. O que interessa é a fantochada que os olhos vêem, está tudo dito.
Participem
http://diasdofim.blogspot.com/2009/02/nem-no-tempo-de-salazar.html#comments
Os actos provocadores de vários elementos deste governo e do Ministério da Educação tendem a radicalizar todos os professores.
Penso que está na altura de fazer um ultimato ao governo, dar um prazo até ao fim deste período (2º) para resolverem o problema do Estatuto e tudo com ele relacionado, ou então, as aulas não começam no 3º período.
Mesmo que muitos não façam greve, os contratados, os pré-reformados, os…. , outros farão. Nuns dias uns, noutros dias outros, a confusão vai ser imensa, dentro e fora das escolas,
as famílias e a imprensa ajudarão a criar um ambiente de caos que praticamente já existe, só não é visível. Há alturas que a melhor defesa é o ataque… já fomos durante muito tempo diplomatas, agora é tempo de dar tudo por tudo. Penso eu!?
manda-se na escola através do mais moderno meio buroctrático – o mail. não importa conhecer esta escola em si mesma. interessa é exercer poder sobre ela à distância. sem emoção, respeito pela opinião dos orgãos, sem ouvir ou pedir explicações. ouvem-se uns zunszuns e determina-se o que fazer à distância de dezenas de Kms. os que lá estão não percebem nada do assunto. nem interessa se houve votação ou não. caiu a máscara da autonomia das escolas.