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O 1º ministro Pinto de Sousa fez ontem o elogio fúnebre da sua ministra da educação, não tendo sido capaz de resistir à utilização do pretérito quando afirmou que «foi um gosto trabalhar consigo».

A ocasião para esta despedida foi proporcionada pela apresentação pública de um “elogio”, alegadamente feito pela OCDE às políticas relativas ao 1º ciclo, mas que não passa de um relatório elogioso feito por essa instância de regulação supranacional (ao serviço da globalização capitalista neoliberal), com base nas informações fornecidas pelo governo do Partido da Situação.

Como provarei já a seguir é caso para repescar o ditado: “gaba-te cesto, que vais à vindima”.

Na verdade, como é possível constatar no próprio sítio do ME, as informações em que se baseia o “alegado estudo” (relatório elogioso) foram fornecidos por serviços directa ou indirectamente dependentes do ME e ligados ao governo pêéssiano:

ANEXO 2: FONTES DOCUMENTAIS E INFORMAÇÃO DE ENQUADRAMENTO

A equipa beneficiou do acesso a um conjunto de documentos, incluindo:

• Galvão, M.E. (Ed.) (2004). Desenvolvimento da Educação em Portugal. Ministério da Educação e Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus e Relações Internacionais.

• Ministério da Educação (2007). Educação e Formação em Portugal. Ministério da Educação, Portugal.

• Ministério da Educação (2008). Medidas Políticas Implementadas no Primeiro Ciclo do Ensino Obrigatório em Portugal: Relatório Nacional. Ministério da Educação, Portugal.

• Serrazina, M.L. (2008). Programa de Formação Contínua de Professores de Matemática: recompensas e desafios. Escola Superior de Educação de Lisboa.

• Foram elaborados relatórios sobre a reorganização da rede escolar do primeiro ciclo em cada uma das cinco regiões, lavrados com objectivo da avaliação, e foram produzidos registos por alguns grupos de testemunhas entrevistados.

• As informações e dados produzidos por todos os Serviços Centrais do ME, em particular, pelo GEPE e pela IGE, também se revelaram bastante valiosos.

Quando os resultados descritos nos documentos produzidos para a OCDE se adequam às políticas de contenção dos gastos públicos com a educação, seguindo as orientações das instâncias de regulação supranacional de promoção de um papel avaliador do Estado, a par de uma promoção de um quase-mercado educativo (ou até de uma privatização a médio prazo), é natural que os elogios sejam encomiásticos, como terá sido o caso do que foi feito por uma funcionária da OCDE, o que levou Pinto de Sousa às lágrimas no seu discurso de agradecimento à ministra pelos serviços prestados.