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«Qualquer idiota pode fazer uma regra e qualquer idiota a seguirá» (Henry David Thoreau [1817-1862])
Ontem fui ver “Hunger”, um filme sobre Bobby Sands e os seus companheiros presos em Maze, na era de Margaret Thatcher.
Ao ouvir em fundo algumas intervenções de Margaret Thatcher no parlamento britânico, afirmando a “justeza” da posição inglesa face ao que ela e o seu governo apelidavam de criminosos, enquanto na cadeia de Maze os membros do IRA eram submetidos a tratamentos degradantemente violentos, sem qualquer respeito pelos direitos humanos, dei por mim a pensar que a “determinação” de Pinto de Sousa, de Maria de Lurdes Rodrigues, de Jorge Pedreira e de Valter Lemos vem em linha recta dessa forma de entender a política e a legitimidade eleitoral, que teve como primeiro interprete na política portuguêsa o actual presidente da república.
E de associação em associação de ideias, recordei essas outras figuras da resistência às leis injustas, que levaram às últimas consequências a afirmação dos seus princípios de justiça e liberdade, desde Thoreau que publicou em 1849 On the Duty, of Civil Disobedience, até Gandhi
e o seu combate não violento contra o registo dos hindus pelo governo do Transval, na África do Sul, ou anos mais tarde a Marcha do Sal, contra a lei iníqua que impedia os hindus de fabricarem o seu sal, em proveito do monopólio das companhias inglesas.
São estes exemplos maiores, de gente que soube sofrer na pele as consequências da defesa das suas convicções, que nos devem servir de orientação no combate contra a teimosia do governo:
- Desobediência civil contra um pacote legislativo que, mais do que injusto para os professores, visa destruir a Escola Pública Republicana e Laica ao serviço de todos os cidadãos;
- Resistência pacífica contra ordens absurdas e sem suporte legal, como essa novidade da obrigatoriedade de prazos determinada pelas DRE’s.
Hoje,domingo, no JN vem como PUBLICIDADE paga pelo Ministério o texto dos “10 Mitos”….
Com estas manobras, cada vez fica mais evidente a tentativa de virar a população em geral contra os professores. Esta equipa é dos piores exemplos que há em relação a políticos a prazo…! E é uma tristeza ver jornais com a história centenária de um JN terem directores, sub-directores, directores adjuntos , etc. a tentarem justificar o injustificável e colocarem-se ao lado do poder contra a razão de sectores importantes da população.
“Eles” e seus “acompanhantes” teimam em provocar, radicalizar, impôr, cegamente, só porque o “governo” não pode dar parte de fraco e passar a imagem que também erra e muito…!
Contra estes métodos arruaceiros devemos manter a nossa força baseada na razão e resistir, resistir pacificamente mas de forma activa e inteligente. A “desobediência civil” é um bom caminho.
Querer comparar os exemplos de H. D. Thoreau e de Gandhi, e as lutas que travaram, em particular as que implicavam actos de desobediência civil, com a actual luta dos professores é um insulto para a memória daqueles grandes homens, em particular com o último que pagou com a vida a defesa da sua filosofia de não violência. Maria de Lurdes Rodrigues e o governo a que pertence não são da mesma estirpe do governo colonialista britânico e os professores não são nacionalistas indianos oprimidos. Há que manter um mínimo de decência no combate político e, como tal, não perder de vista o sentido das proporções.
PJ,
Efectivamente, Maria de Lurdes Rodrigues mais a sua equipa, superiormente comandados por Pinto de Sousa, não são comparáveis ao governo colonial britânico. Aproximam-se muito mais das técnicas de propaganda e extermínio do governo nazi de Hitler.
Por outro lado os professores não são nacionalistas indianos, embora o governo se tenha entretido a transformar-nos numa classe a oprimir.
Mantendo o sentido das proporções, a desobediência civil face a leis e ordens iníquas é perfeitamente legítima, no nosso caso.
Curiosamente PJ preferiu ignorar a comparação entre os métodos Tatcherianos e os do actual governo português. O quero, posso e mando (legitimado pelo sufrágio) é uma marca destes novos ditadores, por mais caraças democráticas que pretendam vestir.
“Efectivamente, Maria de Lurdes Rodrigues mais a sua equipa, superiormente comandados por Pinto de Sousa, não são comparáveis ao governo colonial britânico. Aproximam-se muito mais das técnicas de propaganda e extermínio do governo nazi de Hitler.”
Você conseguiu ainda, para minha surpresa, perder completamente o juízo (sem, ofensa). Agora os professores portugueses não são nacionalistas indianos perseguidos pelo colonialismo britânico. São judeus a caminho do extermínio…Minha nossa! Não há dúvida que o combate contra esta equipa tolda os espíritos mais empenhados.
“PJ preferiu ignorar a comparação entre os métodos Tatcherianos e os do actual governo português.”
Diga-me: quem é o Bobby Sands português? Carvalho da Silva? Mário Nogueira? E onde fica a prisão de Maze portuguesa? Em Pinheiro da Cruz? Na Penitenciária de Coimbra? Não brinquemos com coisas sérias nem insultemos a memória de verdadeiras vítimas.
A única semelhança que poderá invocar na sua argumentação é a recusa da entrega dos objectivos individuais. Não se trata verdadeiramente de uma desobediência civil, mas será algo que terá algumas semelhanças. Aqui é que se vai ver a verdadeira fibra dos professores portugueses. Juntar 120 000 numa manifestação foi uma brincadeira de crianças comparado com este acto. Aposto que nem 10 000 o farão. Mas posso estar enganado. Mais: gostaria muito de estar enganado. Mas o meu instinto diz-me que não estou. A ver vamos.
Entretanto relaxe. Veja a primeira parte deste delicioso sketch dos Monty Python (http://www.youtube.com/watch?v=BTeG_gCxO-A) e veja o que é perder o sentido das proporções. E depois de se rir, como espero, ouça esta deliciosa canção de Georges Brassens, Mourir pour des idées (http://ninguemle.blogspot.com/2008/11/mourir-pour-des-ides-george-brassens.html). O refrão reza assim: Mourons pour des idées, d’accord, mais de mort lente, D’accord, mais de mort lente! “