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Sou um dos milhares leitores diários do Umbigo do Paulo.
Nem sempre concordo com as posições que ele assume, mas considero-o uma pessoa honrada, um professor bem informado, um profissional reflexivo e um escritor que se lê com muito agrado e prazer.
Por tudo isso fiquei espantado, direi mesmo estupefacto, com uma frase que li assinada pelo próprio e que não imaginava que ele pudesse publicar num espaço que sabe ser lido por muitos professores directamente (e replicado em mails, outros blogues e até na comunicação social).
Bem sei que o Paulo sempre se afirmou um independente e que apenas se representa a si próprio. Mas não pode negar que de norte a sul do país a sua opinião conta (e muito).
Dai me parecer, na modesta opinião de independente que apenas é lido por meia dúzia de amigos e conhecidos, que é muito grave e insidioso afirmar: «estou a pensar ir então às duas manifestações que se adivinham para a primeira quinzena de Novembro. Não me parece que seja bem recebido pelos promotores de uma delas se for reconhecido (mas levarei um boné enterrado até aos olhos…), mas como são eles que dizem que nos devemos «unir», espero que à chegada não me mandem desunir ou desandar. Porque há gente assim, que quer unir, mas depois trata mal quem aparece e não tem a vestimenta com a cor certa.»
Não sei se o Paulo já foi corrido ou mal tratado em alguma manifestação de professores, organizada por algum sindicato.
Pessoalmente, embora não tenha estado em todas as manifestações convocadas por sindicatos de professores, estive em muitas. Nunca, mas nunca mesmo, me perguntaram quem eu era e se pagava ou não quotas. Nunca, mas mesmo nunca fui corrido ou mal tratado. Apesar de ter deixado de pagar quotas para o SPGL em 1986 e de não pagar quotas a mais nenhum sindicato desde essa altura.
Percebo e aceito, que tanto o Paulo, como uma parte significativa dos professores que frequentam a blogosfera sintam mais proximidade com os movimentos inorgânicos de professores, que têm surgido através da rede. Também eu sinto simpatia pela ideia de desenvolver essa rede solidária e libertadora de hierarquias. O problema não é esse. Pelo contrário, o problema é que o que surgiu como um movimento que acrescentava unidade e mobilização, se tem transformado aos poucos, mesmo que alguns dos envolvidos não o percebam, num movimento de divisão dos professores.
Poderão dizer-me que quem divide são os sindicatos que existem e os seus dirigentes. Admito que a história do movimento sindical docente pode não ser brilhante e não constituir um exemplo de unidade. Mas convenhamos, numa altura em que todos os professores são confrontados com uma equipa ministerial que não respeita ninguém, substituir os sindicatos existentes, ou apenas os seus dirigentes não é a tarefa mais oportuna e mais necessária. Para além de não ser exequível a quem não estiver dentro dos sindicatos.
Porque para substituir os dirigentes é preciso ter direito a eleger e/ou ser eleito. E para substituir os sindicatos existentes é preciso criar outros e conseguir a extinção dos actuais.
Desde que tomou posse, MLR e a sua equipa fizeram um grande esforço para extinguir os sindicatos existentes. Quase lhes tiraram a voz. O que é espantoso é que tenham encontrado entre os professores tantos aliados nesse trabalho de acabar com os sindicatos.
Talvez haja, entre quem constesta a Fenprof e a plataforma, quem se ache bem representado pelo conselho de escolas. Eu, mesmo não sendo sindicalizado, continuo a achar que o espaço sindical é um dos espaços de liberdade e luta dos professores. Não o único, mas certamente o que tem os meios para um combate mais eficaz a este governo e esta política.
Francisco,
Até parece que não leste o que tem sido escrito sobre os blogues.
Lê com atenção o que é escrito a partir de certas centrais de informação.
E como não és sindicalizado, talvez não saibas como somos tratados em algumas reuniões internas.
(In)felizmente eu sei.
Não estou lá, mas há quem esteja.
Paulo,
Tenho lido e tenho ouvido o que se escreve e se diz sobre os blogues e sobre os bloguistas.
Não me afecta, nem me obriga a ter comportamentos com que não concordo.
Da mesma forma que só respondo a quem quero e a quem acho que merece o meu tempo e a minha consideração.
Aos outros, faço como a caravana do ditado.
Sobre a forma como somos ou não tratados nas reuniões sindicais, não sei, não vi, não estou lá. Se gastam algum tempo a tratar-nos mal é porque se sentem incomodados.
De resto, ao contrário da quase totalidade das opiniões que vou ouvindo e lendo, o que acho que as pessoas mais lúcidas e mais combativas deviam fazer era sindicalizar-se, participar activamente nas reuniões e procurar congregar quem não se revê nos dirigentes que critica, para em sede própria propor as mudanças necessárias.
Ultimamente começo a ficar cada vez mais com a ideia de me re-sindicalizar, vê lá tu como são as coisas.
Aí poderei ir às reuniões e ver ao vivo como me tratam mal.
Um abraço
Tenho cinco anos de blogosfera como podia ter um dia apenas. Sou um bloguer e pronto. Tenho participado em várias reuniões sindicais internas e externas e nunca me senti mal tratado por ser bloguer. Neste espaço (refiro-me à blogosfera) tenho lido críticas para todas as sensibilidades, mais e menos contundentes. Nesta matéria, a blogosfera acaba por reflectir o que se passa fora dela. Se este texto do Francisco fosse defendido numa dessas reuniões, Paulo, como sentirias esta crítica? Sentir-te-ias bem ou mal tratado, Paulo? Dirás com razão que aqui sempre te podes defender das críticas e contraditar. É verdade. Mas esse é o preço que os fazedores de opinião mais consagrados têm de pagar. 😉
“o que acho que as pessoas mais lúcidas e mais combativas deviam fazer era sindicalizar-se, participar activamente nas reuniões e procurar congregar quem não se revê nos dirigentes que critica, para em sede própria propor as mudanças necessárias.”
Na mouche!
Livra Sr. Paulo! outra vez a falar dos sindicatos!!?
Quem “passa” pelo que vai escrevendo pode ser levado a pensar que a sua luta é contra os sindicatos, não acha?
Já ontem, noutro sítio, lhe disse que parece tratar-se de uma obsessão, comparável à demonstrada pelo primeiro ministro em relação aos funcionários públicos, muito particularmente aos professores!
Afinal não fui só eu a ficar estupefacta (e desiludida), com as afirmações de PG, ainda bem.
Parabéns, mais uma vez, pela tua correcção e lucidez Fsantos e, se me permites, apelo a que rapidamente te res-sindicalizes, porque serás uma mais-valia para esse sindicato.
abraço
http://professorsemquadro.blogspot.com/2007/04/sindicalismo.html
Há uma espécie de exaltação no ar, nervos à flor da pele, sinais ínfimos são tratados como demonstrativos de verdades avassaladoras…
Cansaço? Esgotamento?
A Plataforma “recuou” e apelou à união de todos os Movimentos em torno do dia 8. Não sei se estes não perceberam ou não o querem fazer.
Se o não querem fazer, é pena.